Agosto, sem gosto.
Posted byEstava tão escuro. Um breu denso feito o buraco negro que me consumia por dentro.
Tentava esvaziar minha cabeça repleta de pensamentos que eu nem podia entender.
O maço de cigarro já amassado me fazia companhia. E nem era agradável.
Nem eu queria estar perto de mim.
A verdade é que não sei porque escrevo no passado se a dor que eu sinto, agora, é bem presente.
Quem é que entende?
Nem era agosto e estava bem seco. Tão seco que nem as lágrimas escorriam.
Continuei com a alma suja. De memórias. De medos. De ódio.
A noite fria, escura e seca permaneceria durante o dia. Eu tinha certeza disso.
E essa angústia, esses anseios, me martirizariam até que eu tivesse consciência.
Tive vontade de não ter nenhum dos cinco sentidos. O nada era bem mais aconchegante, tanto quanto se pode ser pra quem se rendeu.
Eu me rendi.
A vida vem em imagens consecutivas e sem nexo a todo momento. Queria eu ter como passá-la a limpo. De onde estou agora só vejo rabiscos.
Tenho ainda receio do castigo. Mil chibatadas no ego.
Orgulho maldito.
Não escolhi ser o protagonista dessa história. Queria contar uma daquelas onde tudo acaba bem. E no fundo eu sei que tudo se resolve, ou não. A gente simplesmente aprende a sobreviver com mais um nó na garganta.
Tenho tantas coisas que, por tê-las, agonizo.
Com a luz ainda acesa consigo ver cada objeto, até aqueles mais escondidos. Me pergunto pra que tanta coisa se nada faz sentido. Tolo menino que vai sempre atrás daquilo que é proibido.
Tantas coisas foram a mim interditadas.
Não ultrapasse a linha. Tão tênue.
Quantas palavras e nenhum caminho.