Lembranças
Posted byDe mãos dadas ainda caminhávamos pela terra molhada da chuva da noite anterior.
Os pingos marcados ao lado dos bem delineados passos me lembravam as lágrimas que caíram quando os seus passos tomaram outra direção.
E sem você pra me guiar acabei sem rumo. Não. Não era você que estava ali segurando minha mão.
De você só mesmo a amarga lembrança das gotas de lágrima no chão.
Nem ninguém pra deitar na grama e inventar desenho nas nuvens...
Nem ninguém pra contar os vagões coloridos do trem...
Ninguém.
De você meu caro, só esse aperto, que não é de mão, nem de abraço, é só angústia mesmo.
Os desejos, aqueles outrora tão cheios de arrepios adormecem num sono profundo de frigidez.
E faz tanto frio...
Mas o frio me faz lembrar o sorvete de palito que a gente comprava e sempre gargalhava quando eu adivinhava exatamente o sabor que você queria.
Já não há nuvens, nem vagões, nem arrepios, nem mesmo o sorvete.
As lagrimas sim. Mas não mais aquelas tão freqüentes e salgadas. Só uma ou outra de vez em quando pra molhar o travesseiro com nada suaves lembranças.
Mas a noite sempre termina. Nos cantos da casa ainda alguns fantasmas carregados daquilo que você deixou pra trás.
Nem em fantasmas eu acredito mais...
Quem dirá em você... quem dirá no amor.