Domingo
Posted byNo quarto envolto pela escuridão da noite a luz do abajur ilumina o poeta solitário. As paredes ainda estão quentes da tarde escaldante e os lençóis estão impregnados com o cheiro do cigarro que agora adormece em cinzas. O som que embala é regido pelo ventilador enguiçado que na verdade faz mais barulho do que refresca. Não há muito o que se pensar sobre o dia, que foi tão comum quanto as videocassetadas de domingo.
O que resta agora é soltar a pesada carcaça sobre a cama e esperar que o sono venha, mas algo me diz que ele vai demorar.
O amanhã é ansiosamente aguardado. Tudo já está metodicamente separado, o despertador ajustado, as roupas passadas e o ânimo ainda na gaveta. Provavelmente ele permaneça por lá.
Mas o novo dia vem, querendo ou não, então espada e escudo na mão que a batalha vai re-começar.
Mil promessas de mudanças vêm de encontro ao início da semana e o futuro esperado repousa no travesseiro. Mas ninguém garante que o futuro será tão macio o quanto.
Em cada canto do cômodo há fantasmas que observam atentos a amarga solidão de quem escreve.
E antes que a noite acabe uma última surpresa: o sono chegou mais rápido do que esperava. Talvez o dia não tenha sido tão monótono assim afinal.
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